História do Município de Braúnas
HISTÓRICO
O município de Braúnas está inserido na região do Rio Doce, que possui uma população de 2,8 milhões de habitantes - sendo que somente 12 cidades têm uma população acima de 30.000 hab. -. Ao todo possui 163 municípios (153 em Minas e 10 no Espírito Santo), com 70% de suas cidades tendo uma população inferior a 5.000 habitantes.
O regime do rio Doce é considerado como subequatorial, com vazões máximas em janeiro e fevereiro e mínimas em setembro (fim da estação invernal).
A bacia não é atualmente muito explorada em termos de potencial hidrelétrico. Foi feito um estudo pela ELETROBRÁS que detalha a possível formação de cerca de aproximadamente 70 reservatórios destinados a produção de energia elétrica.
Nela a água é captada para satisfazer três usos principais: irrigação, abastecimento industrial e abastecimento doméstico. A degradação atual da qualidade das águas da Bacia do Rio Doce é resultante de impactos poluidores: fontes de poluição pontuais (industriais e centros urbanos) e fontes de poluição difusas (propriedades rurais, uso de pesticidas e herbicidas, atividades de garimpo, uso inadequado das terras - erosão).
Com a rápida devastação da floresta natural aumentada nos anos 40, as cargas de sólido em suspensão aumentaram acentuadamente, especialmente durante as fortes chuvas de verão.
As atividades econômicas da Região do Vale Rio Doce concentram uma população economicamente ativa, principalmente no setor primário.
A agricultura é extensiva e caracterizada por métodos tradicionais de baixa tecnologia, com baixa produtividade, dando destaque ao café, a criação de gado e as culturas de subsistência.
Economicamente, a criação de gado é a atividade mais representativa e distribuída em toda a bacia. A tendência indica a substituição das lavouras de café por pastagens ou reflorestamento com Pinus ou Eucalipto. Nota-se a diminuição da população rural com êxodo para as cidades.
As atividades industriais são fortemente ligadas à mineração e atividades correlatas, são de primordial importância na bacia. Esta inclui boa parte do Quadrilátero Ferrífero, que é responsável por cerca de 61% da produção brasileira de minério de ferro, e onde se localizada 31% da produção de aço. Atividades de menor importância incluem indústrias produzindo açúcar e álcool, papel e celulose e outras mecânicas, químicas e metalúrgicas.
Os principais pólos das áreas de mineração estão localizados na parte ocidental da bacia: Itabira, Marina e Antônio Dias. A produção já supera 70 milhões de toneladas, principalmente pela Cia. Vale do Rio Doce (CVRD), o que mostra sua importância em termos do desenvolvimento econômico da bacia. A produção é transportada por uma ferrovia ao longo do curso do Rio Doce que chega a Vitória/Espírito Santo.
A siderurgia é composta por quatro empresas que opera na sub bacia do rio Piracicaba: a USIMINAS (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais), a ACESITA (Aços Especiais Itabira), a COSIGUA (Cia. Siderúrgica da Guanabara) e a Cia Siderúrgica Belgo-Mineira.
BRAÚNAS
O município de Braúnas está localizado na região leste de Minas Gerais, na bacia do rio Santo Antônio, sub bacia do rio Doce e pertence à região metropolitana do Vale do Aço. As coordenadas geográficas são latitude 19º03’45’’ Sul e longitude 42º41’15’’ Oeste. A área urbana e rural do município é de 377Km² (Fonte: IBGE). Braúnas limita-se ao norte com Guanhães, ao sul com Joanésia, a leste com Açucena e a oeste com Guanhães e Dores de Guanhães (Fonte: www.soleis.adv.br - Anexo nº 2 da Lei nº 1.039, de 12 de dezembro de 1953 – divisas). Está a 253 km da capital, Belo Horizonte, e a 80km de Ipatinga. Possui três povoados – Salto Grande, Santa Rita e Barroada, distantes da sede respectivamente 10km, 16km e 14km – e mais de 47 comunidades rurais que estão até 23km do centro de Braúnas. De acordo com o censo demográfico realizado pelo IBGE em 2000 a população era de 5.408 habitantes, assim distribuídos:
Homem |
Mulher |
Urbana |
Rural |
Total |
2.727 |
2.681 |
1.276 |
4.132 |
5.408 |
Nas últimas décadas houve gradativa redução da população e o IBGE estimou para julho de 2006 o total de 4.590 habitantes em Braúnas.
ver foto
POVOAMENTO
A colonização na região começou em 1825, com a concessão de 12 sesmarias situadas entre as margens dos rios Santo Antônio e Guanhães aos irmãos da família Figueiredo Neves. Mais tarde as terras, férteis e em desenvolvimento, passam a ser de propriedade do alferes Fortunato do Carmo e, ainda na primeira metade do século 19, foram desmembradas nas fazendas Barretina, Mato Grosso e Mariquita, de propriedade de Bento Pinto de Aguiar, Joaquim Francisco Vieira e Dona Mariquita, respectivamente. Esses fazendeiros são considerados os fundadores de Braúnas.
Os primeiros habitantes eram colonizadores que partiam do Serro e de Conceição do Mato Dentro em busca de terras para a lavoura e pecuária.
Dona Mariquita, proprietária da fazenda de mesmo nome, doou parte de suas terras à igreja para a construção de uma capela no alto do morro, ao lado do cruzeiro e, em 1870 o povoado de Nossa Senhora do Amparo das Braúnas já estava estabelecido e pertencia a Guanhães.
O povoado foi elevado à categoria de distrito em 1879 e, em 1923, teve o nome alterado para Braúnas de Guanhães, eleição e posse do primeiro Juiz de Paz.
Nas três décadas seguintes houve muita disputa política entre o distrito e a sede do município. A emancipação veio em 12 de dezembro de 1953, através da Lei n.º1.039, somente após Astramiro de Oliveira Santana, braunense, ser eleito prefeito de Guanhães. Emancipado, o novo município passou a se chamar apenas “Braúnas” – nome dado à madeira nobre e abundante às margens dos rios Santo Antônio e Guanhães, por sua vez derivado da expressão indígena “ybira-una” (madeira preta)
Entre 1954 e 1955 a administração da cidade ficou a cargo do intendente Esperidião Lage do Prado, funcionário da Fiscalização de Rendas do Estado, que promoveu a primeira eleição municipal, vencida por Geraldo Pacheco de Aguiar. A instalação da Câmara Municipal, em 31 de janeiro de 1955, foi presidida pelo juiz de direito da comarca de Guanhães.
Os primeiros vereadores de Braúnas foram Renault Luiz de Andrade, Vicente Sabino de Araújo, José de Carvalho, Antônio Alves Pinto, José Teófilo Ribeiro dos Santos, Guilherme Esmero Epifânio, Arlindo Bernardino do Carmo, Longino Pereira da Costa e José de Alvarenga Barbosa. Atualmente o legislativo municipal está localizado na rua João Emiliano, 186, no centro de Braúnas.
Entre 1948 a 1950 foi aberta a estrada que liga ao povoado vizinho de Farias e chegou à cidade o primeiro automóvel, pertencente ao construtor da estrada (Cia. Alambra). Em 1949 a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) começou a construção da Usina Hidrelétrica Américo Renné Giannetti, em Salto Grande, no rio Santo Antônio. Com o início das operações da usina, em 1956, a Cemig construiu no local, para os operários e famílias uma vila, com casas, hotel, clube, igreja e a escola municipal Santo Antônio. Com a evolução tecnológica a mão-de-obra humana foi gradativamente substituída por máquinas e hoje, apesar de manter as edificações, a vila está praticamente desabitada.
TRANSPORTE
A ligação de Braúnas com os grandes centros é feita exclusivamente por estradas não pavimentadas e ainda hoje a tração animal é muito utilizada para locomoção.
Atualmente o meio de transporte particular utilizado pela maioria da população é a motocicleta, seguido pelos carros de passeio e a bicicleta.
A maioria das comunidades da zona rural não dispõe de transporte coletivo regular e seus moradores têm acesso à sede de Braúnas valendo-se de recursos próprios.
No povoado de Santa Rita duas vezes por semana passa o ônibus que faz a linha Virginópolis/Braúnas e, no povoado de Barroada, um morador possui um ônibus particular e faz o transporte das pessoas.
O transporte para a capital do Estado é realizado pela Viação Saritur.
ECONOMIA
Com a grande maioria da população residindo na área rural e notada vocação agropastoril, Braúnas estimava ter em 2006 aproximadamente 1.530 pequenos produtores rurais (agricultura familiar). As principais atividades econômicas foram e continuam sendo a pecuária e a agricultura. A criação de bovinos é basicamente para a produção de leite e fabricação de queijos. A silvicultura e a piscicultura também são exercidas, porém em menor proporção, com pequenos criatórios particulares.
O setor secundário caracteriza-se pela presença de estabelecimentos comerciais de pequeno porte, como bares, mercearias, uma drogaria, dois depósitos de material de construção e duas casas de produtos agropecuários, que se valem principalmente de mão-de-obra familiar.
A prefeitura é o maior empregador e, aliada ao salário dos aposentados, é responsável pelo movimento do comércio local.
O setor terciário é inexpressivo. A demanda por bens duráveis e serviços mais complexos é suprida principalmente em Ipatinga, Guanhães, Governador Valadares e Belo Horizonte.
O Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Braúnas coordena as ações e parcerias entre produtores e entidades públicas como Emater e Instituto Estadual de Florestas, particulares como a Cenibra, associações comunitárias e instituições religiosas. Com a implantação do escritório local da Emater, a adesão do município ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e o subsidio a mecanização agrícola e acesso à assistência técnica, a área de plantio triplicou no município nos últimos dois anos. A produção agrícola de cana de açúcar, milho e feijão é voltada para subsistência. Poucas famílias cultivam mandioca. Os pomares são diversificados. Praticamente todas as famílias possuem hortas domésticas para consumo próprio em pequenas áreas.
Na agroindústria os principais produtos são o queijo, a rapadura e a cachaça. As estruturas são tradicionais e não atendem as especificações estabelecidas pela legislação. A apicultura em desenvolvimento na região ainda carece da construção de uma casa para o beneficiamento do mel.
Na pecuária já existe um bom número de produtores trabalhando com inseminação artificial tendo uma produtividade razoável, Porém na maioria das propriedades a produtividade é muito baixa. Os produtores com melhor genética vendem o leite para a cooperativa Itambé de Guanhães. Os demais, devido à baixa produção e falta de recurso para adquirir tanque de expansão, fabricam queijos Minas artesanal, mussarela e requeijão. Na maioria das propriedades o rebanho é misto e
sem raça definida. A produtividade média está entre 2 e 5 litros por dia por vaca em lactação. A suplementação no período seco é insuficiente. A capacidade de suporte das pastagens decresceu nos últimos 50 anos.
INFRA-ESTRUTURA
O município possui um escritório de contabilidade, um cartório de registro civil, um posto de polícia, uma agência de correios e telégrafos, uma unidade básica de saúde e dois postos de agência bancária – a cooperativa de crédito Credicenm e o Bradesco, que funciona nas dependências do Correio.
A concessionária responsável pelo abastecimento de água é a Copasa, e o sistema de esgoto é mantido pela prefeitura municipal.
A telefonia fixa é de responsabilidade da concessionária Oi e a de telefonia móvel, a Vivo.
Uma emissora de rádio FM (103 MHz) opera na cidade, que não possui jornal impresso.
A rede hoteleira conta com dois estabelecimentos.
A biblioteca pública municipal foi inaugurada em março de 2007.
(FONTES: Telecomunicações de Minas Gerais S.A, Secretaria de Estado de Comunicação Social, Companhia de Saneamento de Minas Gerais).
SAÚDE
Em 06 de setembro de 1954 o município de Braúnas recebeu do então governador Juscelino Kubitschek de Oliveira um posto de higiene. Em 1956, quando da implantação da Usina do Salto Grande, foi construído o hospital Municipal Santo Antônio para atender toda a região. Hoje o hospital encontra-se desativado e suas instalações são utilizadas apenas para o atendimento mensal do Programa Saúde da Família (PSF). A implantação do PSF melhorou significativamente o serviço de saúde local, mostrando resolutividade para a maioria dos casos que chegam à atual Unidade Básica de Saúde (UBS), na sede. Atualmente está em construção uma nova instalação para a UBS de Braúnas e a conclusão da obra está prevista para o segundo semestre de 2007.
EVOLUÇÃO ECLESIÁSTICA
Construída na primeira metade do século 19 em madeira pelo carpinteiro Joaquim Francisco Vieira, a capela Nossa Senhora do Amparo por muitos anos esteve ligada à paróquia de Dores de Guanhães (atualmente Guanhães). Em 3 de outubro de 1851 foi elevada a categoria de paróquia, instalada em 31 de janeiro de 1852 e que já contava com as capelas de Santa Rita, Barroada e Salto Grande.
Entre 1892 e 1897 o terceiro pároco de Braúnas, padre Manoel Roque Martins Pena, iniciou a construção da igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, onde é hoje a praça Padre José Augusto de Oliveira. Em 1971 o bispo diocesano dom Mário Teixeira Gurgel levou a Braúnas a Congregação das Irmãs Salvatorianas, que lá permaneceu até 1981 cuidando da catequese e do trabalho pastoral.
Em fevereiro de 1977 a cidade recebeu a visita do bispo dom Lelis Lara, que coloca em pauta a situação da conservação da igreja matriz e a criação de um conselho de construção para definir ou não a favor de uma nova sede para a paróquia. No dia 19 de março de 1977 foram eleitos os seis membros para compor o conselho de construção, a saber: João Alves Batista Neto (presidente), Fernando Moreira Pinto (vice-presidente), Ruth Siman (secretária), Geraldo Carvalho (tesoureiro). Segundo depoimentos de moradores não houve resistência da população para a demolição da matriz, que foi derrubada em 1977.
Atualmente a Igreja Nossa Senhora do Amparo localiza-se na praça Padre José Augusto de Oliveira. Foi construída por volta de 1993 com ajuda da comunidade através de realização de quermesses e mutirões. O pároco responsável pela região, incluindo comunidade rural, é o padre José Adriano Barbosa dos Santos.
PRÁTICAS SOCIOCULTURAIS E TURISMO
A população tem acesso a quadras cobertas de esporte coletivo, cachoeiras, trilhas, aos lagos das hidrelétricas de Salto Grande e Porto Estrela, clube da Cemig em Salto Grande. Também é muito comum entre os moradores o hábito de ficar na praça conversando.
Braúnas inaugurou em março de 2007 a Biblioteca Municipal Cecília Carneiro, a primeira da cidade, batizada em homenagem a uma moradora que se dedicou ao ensino tanto na sede como na zona rural. O projeto foi realizado com recursos do Ministério da Cultura e da Fundação de Biblioteca Nacional.
Quanto ao turismo, a região não é explorada de forma regular.
Aspectos naturais
Obs.: este campo será atualizado ao final do cumprimento deste plano de inventário
Braúnas está inserida na bacia do rio Santo Antônio, sub-bacia do rio Doce. Merece destaque o rio Guanhães e o ribeirão das Pitangas. Os rios e o ribeirão que cortam Braúnas formam as Hidrelétricas de Salto Grande e Porto Estrela.
Em termos geomorfológicos, o território é acidentado e escarpado, o que condiciona baixa taxa pedogênese/erosão, resultando no predomínio de solos pouco desenvolvidos, tais como litossolos e cambissolos, associados a afloramentos gnáissicos. O restante é formado de vales e planícies.
Manifestações Culturais
Obs.: este campo será atualizado ao final do cumprimento deste plano de inventário
O calendário das festividades é bastante diversificado, destacando-se:
- Cavalgada para a benção de Conceição do Mato Dentro
Realizada no mês de junho, a cavalgada integra as festividades do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, do município vizinho de Conceição de Mato. O encontro de cavaleiros que tem início na cidade de Ipatinga passa por Santana do Paraíso, Belo Oriente, Mesquita, Joanésia e faz uma parada obrigatória no município
de Braúnas, onde os devotos são recepcionados pela comunidade. Há um jantar e pousada (eles “arrancham”) com direito a um churrasco e moda de viola. Ao alvorecer os cavaleiros seguem para a cidade de Guanhães e Dom Joaquim, com destino a Conceição do Mato Dentro.
- Encontro da barganha
São realizadas várias cavalgadas durante o ano, que são festivos e têm como principal objetivo a compra, venda e troca de animais.
- Rodeio de Braúnas
Evento móvel que acontece na Vila Glória, em Braúnas. São três dias de festa com rodeio, shows e barraquinhas. Nessas festas a prefeitura disponibiliza transporte para a população da zona rural e toda a comunidade participa.
- Furrundum
Realizado na primeira quinzena do mês de julho pela Secretaria Municipal da Educação de Braúnas, em parceria com as escolas estaduais. Promovido desde 2001 com a participação de alunos e professores, consiste de atividades como apresentações artísticas, exposições de artesanato e barracas de comidas típicas.
- Festa de Nossa Senhora do Amparo
A padroeira da cidade é celebrada no mês de agosto, com novenas, procissão com a imagem da santa, barraquinhas e leilões. No encerramento há levantamento do mastro e missa.
- Festa Sagrado Coração de Jesus
Entre os dias 13 e 20 de julho são realizadas novenas com procissão da imagem do Santíssimo, barraquinhas, leilões, bingos, jogos diversos, sorteios e encerramento com levantamento do mastro e cavalgada com bênção dos cavaleiros. Além de torneio de futebol.
- Festa de Santa Rita
Celebrada dia 22 de maio. Na semana que antecede o dia da padroeira são realizadas barraquinhas, leilões e celebrações de novena. São enviados convites às comunidades vizinhas para participarem da novena. O encerramento acontece com levantamento do mastro, missa e procissão com a imagem da padroeira.